No final da década de 60, o professor e psicólogo Walter Mischel, iniciou nos EUA, um estudo que testava o perfil de crianças perante a gratificação posterior. O processo era muito simples, era oferecida a uma criança, sozinha e fechada em um quarto, um marshmallow imediatamente, ou caso esperasse 15 minutos, receberia em dobro!
Os resultados dos testes são claros, crianças que esperaram pelo dobro da recompensa, foi estatisticamente provado, que após 10 anos, apresentam melhores resultados escolares, índice de massa corporal controlada e menos suscetíveis ao uso de drogas.
O mesmo é aplicável aos adultos. De acordo com um levantamento do Datafolha, “o brasileiro é imediatista e com baixa tendência à poupança”.
Em alguns países desenvolvidos, a poupança das famílias é impulsionada pelos chamados “financial nudges”, ou seja, mecanismos que o Estado ou as Empresas privadas usam para estimular os indivíduos a prepararem financeiramente o futuro.
Por exemplo, nos Estados Unidos, a adesão ao sistema de pensões é automática e até comparticipada pelas próprias empresas; e em alguns Países Nórdicos, a previdência privada é obrigatória por lei.
Nessa pesquisa do Datafolha, foi apresentado que apenas um terço da população brasileira poupa, e dessa parcela, 58% poupa apenas 10% ou menos do total da sua renda. O perfil para poupança indefere do nível de escolaridade e de renda.
Outro dado importante, é que apenas 14% dos empregados registrados ou funcionários públicos disseram ter previdência privada e no segmento que trabalha por conta própria ou informal, o valor cai para 8% (!). É realmente muito baixo, e que no futuro sobrecarregará o Estado de alguma forma, seja por programas de assistencialismo (Ex. Programa de Bolsa Família) ou pelo aumento da despesa em Saúde.
A psicologia é muito relevante quando se procura entender o ato de poupança. As pessoas consideram as perdas muito mais importantes do que os ganhos. Quando as pessoas têm que cortar gastos para poupar mais para transferirem para a sua pensão, elas geralmente entendem isso como uma perda, já que isso geralmente significa uma diminuição no dinheiro gasto (em casa).
Porém, na verdade, é exatamente o oposto. O dinheiro que é transferido para uma previdência privada retornará remunerada com juros compostos, ou seja, são os juros que, em determinado período, são somados ao capital para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Além desse retorno financeiro, o ato de descontar para uma previdência privada traz para o individuo um controle e disciplina financeira no imediato, e claro, benefícios fiscais que a longo prazo trazem ganhos muito significativos.
Por Pedro Pereira, Consultor de Gestão
Excelente texto! O que enxergamos é que povos emotivos e calorosos como o brasileiro, adoram o “curto prazo”, o prazer imediato, ostentar (carro, celular, roupas, tênis, etc…) mesmo que a um elevadíssimo custo e têm muita dificuldade em trabalhar o “longo prazo”. Apresentam uma “Sindrome de Highlander” e acreditam que nunca vão envelhecer.